A aquisição da linguagem é o processo pelo qual a criança aprende sua língua materna.
É através da linguagem a criança tem acesso, antes mesmo de começar a falar, a valores, crenças e regras, adquirindo os conhecimentos de sua cultura. A medida que a criança se desenvolve e cresce, seu sistema sensorial, incluindo a audição e a visão, se tornam mais apurados e refinados e, desta forma ela alcança um nível linguístico e cognitivo mais elevado.
Para falar, são necessários dois aspectos:
- Aspectos físicos:
– Possuir o centro de linguagem íntegro (sistema nervoso central)
– Possuir o aparelho fonador íntegro (estruturas envolvidas no processo de fala: musculatura orofacial e órgãos fonoarticulatórios como língua, lábios, pregas vocais)
- Aspectos do meio ambiente:
Escutar, aguardar e observar o que a criança tem à manifestar: gestos, vocalizações e olhares, procurando dar sentido a esses comportamentos,
estímulos do meio ambiente e meio social na qual a criança está inserida,
oferecer segurança física e afetiva.
A linguagem corresponde ainda a uma das habilidades mais especiais e significativas dos seres humanos, envolve o desenvolvimento de quatro sistemas interdependentes: o pragmático, que se refere ao uso comunicativo da linguagem num contexto social; o fonológico, envolvendo a percepção e a produção de sons para formar palavras; o semântico, respeitando as palavras e seu significado; e o gramatical, compreendendo as regras sintáticas e morfológicas para combinar palavras em frases compreensíveis. Os sistemas fonológicos e gramaticais conferem à linguagem a sua forma.
No desenvolvimento da linguagem, duas fases podem ser reconhecidas: a pré-lingüística, em que são vocalizados apenas fonemas (sem palavras)- até aos 11-12 meses de idade; e, posteriormente, a fase lingüística, momento em que a criança começa a falar palavras isoladas com compreensão. A criança vai progredindo nesta escala de complexidade no processo de aquisição, que é contínuo, devendo ocorrer de forma ordenada e sequencial.
Os estágios de desenvolvimento em aquisição da linguagem
A trajetória do desenvolvimento da linguagem se dá passando pelos seguintes estágios (de uma forma aproximada, tendo em vista a singularidade de cada criança):
- balbucio – produção de sons: vogais (3-4 meses); consoantes e vogais (em torno dos 6 meses);
- primeiras palavras – entre os 10 e 12 meses;
- enunciados de uma palavra – em torno dos 12 meses;
- crescimento vocabular grande – entre os 16 e 20 meses;
- fase telegráfica – primeiras combinações de palavras, entre os 18 e 20 meses;
- explosão vocabular – entre os 24 e 30 meses;
- domínio das estruturas sintáticas e morfológicas – entre os 3 anos e 3 anos e meio;
É importante ressaltar que devemos estar atentos a intenção comunicativa das crianças, isto é, à intenção de comunicar-se e expressar-se. Esta intenção pode ser demonstrada através da linguagem não oral por mudanças na mímica facial, utilização de gestos, produção de sons de forma contextualizada, etc.
Atraso de linguagem
O atraso de linguagem caracteriza-se pela ausência ou retardo no surgimento da linguagem oral, na idade em que isso normalmente ocorre.
As causas mais freqüentes do atraso de linguagem são:
- estimulação ambiental deficiente
- bilingüismo
- fatores hereditários
- problemas orgânicos
- distúrbios emocionais
O atraso de linguagem se manifesta de forma evolutiva não satisfatória ou com dificuldades através de: vocabulário deficiente para a idade; dificuldade para estruturar sentenças; dificuldade para organizar o pensamento; dificuldade de compreensão; dificuldade para relatar fatos acontecimentos ou vivenciados; narrativa truncada apoiada em gestos e fala ininteligível geralmente acompanhada de alteração na articulação.
É importante não deixar de considerar o fato de que há uma considerável variação individual nos padrões do crescimento do vocabulário inicial de cada criança, nem todas as crianças apresentam as mesmas respostas, em termos de aquisição de linguagem.
O tempo de tratamento varia de um indivíduo para outro e também de outros fatores como: aceitação e motivação do paciente, ambiente familiar, causa do problema, etc.